Pular para o conteúdo principal

Relações de pingue-pongue



Existem pessoas que possuem uma tal incapacidade para resolver a sua vida afetiva, que mantêm relações “penduradas” durante semanas, meses ou anos.
As coisas processam-se mais ou menos assim: nenhuma relação é formalmente terminada, em vez disso “dá-se um tempo”, ou surge uma briga que provoca o afastamento.
Os dias vão passando e, face ao silêncio, um decide enviar um “pingue” para ver se o outro responde com um “pongue”, e a relação restabelece-se !
Não é uma comunicação normal sem subterfúgios. Não é dito diretamente que tem vontade de rever o outro, porque na realidade não é bem disso que se trata.
O que motiva a reaproximação não é propriamente o afeto, mas algo mais sutil do tipo “vamos ver qual é o impacto que ainda tenho em você”. Aproxima-se mais da tentativa de testar qual o poder que ainda pode exercer sobre o(a) ex-amante, se ele(a) ainda pensa nele(a), se está disponível para que tudo volte ao mesmo.
As estratégias são do mais variado que há. Ligar para saber uma informação que poderia obter através de 500 outras vias, enviar um email do tipo “corrente da amizade”, telefonar para saber se o outro está bem, enviar um "zap" com uma mensagem qualquer, perguntar pelo ex. a um amigo comum (sabendo de antemão que aquela pessoa vai correndo contar que foi questionado a esse propósito), tudo vale para restabelecer uma relação que nada tem de saudável na sua essência, uma vez que não há terreno sólido para que se fortaleça. Apenas existe o prolongamento de situações que já deveriam estar mortas e bem mortas … e um “bom morto” não se transforma em fantasma , nem teima em assombrar a vida de alguém !
As relações de pingue-pongue, fazem com que permaneçam ligados, ainda que superficialmente, sem haver coragem para discutir o que correu mal na relação, nem tampouco capacidade para superar problemas que inevitavelmente vão surgindo. À mínima contrariedade surge outra vez o afastamento. Tudo fica em suspenso, sem diálogo, sem discussão...
Se, por um lado, não são colocados pontos finais, por outro não é permitido que haja um aprofundamento da relação. Há, por assim dizer, uma constante fuga ao estabelecimento de laços estáveis e, ao mesmo tempo, uma enorme incapacidade para marcar fronteiras entre o que é e não é gratificante para cada um dos pares.. Por isso , a luta é no sentido de não haver um final de algo que, afinal de contas, não passa de uma relação superficial.
Se estas relações fossem mediadas pelo afeto, existiria o desejo de mudança. Mas parece que de algum modo, para estas pessoas as reticências pontuam e marcam o compasso das suas vidas. Preferem manter a sensação de possuírem inúmeras relações “em morte cerebral", recusando-se a desligar a máquina que as mantém artificialmente vivas.
Assim sendo, permanece o sentimento de poder face ao outro e, ainda que por uns tempos- as vezes muito tempo- iludem a solidão.
O que se esquecem é que perdem tempo, energia e sonhos que poderiam ser canalizados para outras relações e para a construção de projetos emocionalmente saudáveis .

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESSOAS TÓXICAS - CUIDADO!

Muitos dos problemas de autoestima que afetam milhares de jovens e adultos nada têm a ver com doenças de carater emocional ou psicológico, (embora possam vir a se tornar um problema desse genero), mas a sua genese está nas pessoas tóxicas que permitem que interfiram e permaneçam na sua vida. Estas pessoas têm a capacidade de despertar o pior que há em nós e até de nos fazer acreditar que somos frageis, instáveis, incapazes de tomar decisões sem o seu parecer, incapazes de nos relacionar com o próximo e de sermos independentes. Por norma, as pessoas tóxicas procuram controlar os outros através do abuso emocional. Levam os que lhes são próximos- através das críticas constantes- a crer que algo terrível lhes acontecerá se algum dia se desprenderem deles. Incapazes de fazer um elogio, dão ares de conhecer grandes segredos a respeito das outras pessoas, de saber coisas que mais ninguém sabe, tudo para os certificar que a terra para de girar se eles assim o desejarem. Muitas pessoas

ATITUDES QUE ROUBAM ENERGIA

ALGUMAS ATITUDES QUE ROUBAM ENERGIA 1 – Pensamentos obsessivos Pensar gasta energia, e todos nós sabemos disso. Ficar remoendo um problema cansa mais do que um dia inteiro de trabalho físico. Quem não tem domínio sobre seus pensamentos – mal comum ao homem ocidental, torna-se escravo da mente e acaba gastando a energia que poderia ser convertida em atitudes concretas, além de alimentar ainda mais os conflitos. Não basta estar atento ao volume de pensamentos, é preciso prestar atenção à qualidade deles. Pensamentos positivos, éticos e elevados podem recarregar as energias, enquanto o pessimismo consome energia e atrai mais negatividade para nossas vidas. 2 – Sentimentos tóxicos Choques emocionais e raiva intensa também esgotam as energias, assim como ressentimentos e mágoas nutridos durante anos seguidos. Não é à toa que muitas pessoas ficam estagnadas. Isso acontece quando a energia que alimenta o prazer, o sucesso e a felicidade é gasta na manutenção de sentim

Atendimento psicológico por Skype

Aglair Grein- psicanalista,  além do atendimento em consultório - em Curitiba- Paraná-  propõe o atendimento psicológico online - via Skype- com  comunicação com voz  e imagem. É uma ligação telefônica com vídeo, gratuita e de alta qualidade. As sessões à distância não têm diferença das sessões presenciais em consultório.  A orientação psicológica online - por Skype - além de ser uma prática cada vez mais difundida no mundo todo, e de comprovada eficácia, torna-se vantajosa por muitos motivos: *Torna o contato mais cômodo e com menor custo por dispensar o deslocamento até um consultório, especialmente nos grandes centros urbanos. *Permite que se use dias e horários alternativos para as consultas- fora do horário comercial. *Permite que as pessoas tímidas comuniquem seus pensamentos com mais facilidade . *Permite que pessoas que moram em lugares de difícil acesso possam obter orientação. *Permite evitar constrangimentos em lugares pequenos, em função dos vínculos já ex