Não podemos reduzir o sofrimento psíquico, o mal-estar, as angústias somente a um mau funcionamento dos neurotransmissores do cérebro, pois isso nos reduz à condição de ser apenas um animal. Isto é, fazer isso é reduzir o ser pensante e falante a um corpo orgânico. E reduzi-lo a um corpo, é deixar de fora sua condição humana, condição de ser falante, a de ter um corpo e não sê-lo, a de ser responsável- ainda que de forma inconsciente- pelo que lhe acontece. E quando isso é retirado do sujeito seu sofrimento é reduzido a um mau funcionamento neurobiológico e não a um sofrimento psíquico que afeta seu corpo.
Medicamento sem psicoterapia não resolve.
A Depressão é resultado do sofrimento do ser falante, de como cada um é atingido por sua história familiar e por seu inconsciente, por perdas e lutos que não foram elaborados: separações, perda da infância, da adolescência, morte de ente queridos, o fato de abrir mão do seu desejo, culpas inconscientes.
É comprovado que as novas medicações antidepressivas trazem resultados como uma alteração químico-cerebral que ajuda alguns pacientes a se sentirem melhor, a produzir serotonina e sair da depressão profunda, mas se esse sujeito não fizer psicanálise, não procurar falar sobre seu sofrimento, não buscar na sua história pessoal e familiar as origens da sua dor, não poderá trabalhar as causas que o levaram a depressão ou a outra forma de sofrimento psíquico.
Existem pessoas com o diagnóstico de depressão que tomam medicações- alguns há muito tempo- e não melhoram. E não melhoram porque não falam sobre o que sentem, nesse caso a medicação tem o efeito de amordaçar o sujeito. Pois a culpa inconsciente, a angústia, a insatisfação ou a capacidade de fazer escolhas para ter saúde e felicidade, não está inscrita nos genes nem na neuroquímica do cérebro e sim na escolha ética de cada um, em se fazer responsável pelo que deseja, diz e sente.
E é muito claro que os pacientes diagnosticados com depressão tem problemas em desejar, pois cederam tanto, ignoraram o próprio querer a ponto de hoje não "saberem" o que querem, foram pessoas que deixaram “para depois” o que desejavam, que hoje chegam ao ponto de não terem forças físicas nem mesmo para levantar-se da cama.
Aglair Grein-psicanalista
Gostei do texto e me identifico, só trabalho ..... no momento o que mais gosto de fazer é meu "patchwork", gosto do faço (Corretora de Imóveis), e meus dias estão sendo de tristeza que nem sei explicar..... nada me encanta......
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