Por causa da minha ansiedade, eu levo tudo para o lado pessoal. Se um amigo demora para responder uma mensagem, eu começo a pensar coisas. "Ele não quer falar comigo. Estou incomodando. Ele está me ignorando de propósito. Ele não gosta de mim. Ele me odeia."
Eu hesito em mandar a primeira mensagem porque existe a chance de rejeição. Saber que alguém viu minha mensagem e decidiu não me responder me faz ter enjoo. Faz com que eu me sinta invisível. Mesmo que eu receba uma resposta em poucos minutos ou algumas horas, eu ainda vou pensar demais nos detalhes. Se a mensagem é muito curta, ou soa muito superficial, eu vou me preocupar . Vou imaginar que ele só me respondeu por educação. E vou acreditar que eu jamais deveria ter mandado algo.
Não importa quanto tempo de amizade eu tenha com alguém. Eu preciso de reafirmações constantes de que sou considerada, de que sou amada. Do contrário, eu vou imaginar a pior hipótese. Eu vou assumir que fiz algo de errado que o chateou, que não querem mais minha presença, que não merecem minha amizade ou que a amizade acabou.
Minha ansiedade me faz super-analisar toda e qualquer situação. Não importa se alguém não pode passar tempo comigo no final de semana porque precisa trabalhar até tarde. Eu não vou acreditar nessa desculpa. Vou me convencer de que estão secretamente mentindo e secretamente não querem me encontrar.
Minha ansiedade me faz acreditar que o mundo está contra mim, que o mundo não me quer. Eu acredito sempre e em qualquer circunstância que, se algo ruim PODE acontecer, IRÁ acontecer. É difícil manter uma postura otimista quando já passei por tantos momentos estranhos, quando já passei vergonha tantas vezes.
Nunca sei o que dizer em situações sociais. Ou eu sou muito calada ou falo demais. Penso que não sei me comportar no modo ‘normal’ como as outras pessoas. Eu não sei como me encaixar na multidão, então eu me escondo.
É por isso que tenho problemas ao me relacionar. Por exemplo, não consigo flertar de volta, porque acredito que estão ‘apenas sendo simpáticos’. Mesmo que esteja claro que o cara está interessado, eu não crio esperança, não quero ser enganada. Se o cara se aproxima e puxa conversa, me convenço de que não irá durar muito. Que assim que ele me conhecer de verdade, ele irá perceber que não vale a pena me manter por perto, e vai pular fora.
Minha ansiedade consegue baixar minha autoestima , duvidar do meu valor, o que me leva a duvidar de todo mundo ao meu redor. Quando alguém me elogia, eu não acredito. Quando alguém diz que me ama, eu não acredito. Eu não entendo como pode ser verdade. Eu não entendo porque alguém iriar querer alguma coisa consistente comigo. Fico então vasculhando os detalhes do cotidiano da pessoa, duvidando de cada palavra dita, cada linha escrita, cada falha na comunicação para confirmar o que eu penso sobre mim: eu não mereço alguém que me ame, que me queira , porque só vejo em mim um milhão de falhas. E, afinal, a minha profecia repetidamente se confirma: uma a uma EU afasto as pessoas que se aproximam .
[Texto adaptado da publicação no Thought Catalog]
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