Pular para o conteúdo principal

16 doenças mentais que confundimos com virtudes



O que diferencia um comportamento razoável de outro patológico é a intensidade, frequência e grau de prejuízo que causa para a própria pessoa e os outros. Nossa sociedade não é das mais saudáveis mentalmente, visto que psicopatas são CEO’s, estelionatários podem ser políticos. Então o fato é que aquilo que é visto como virtude na real pode dar indícios de um fundo patológico que ninguém percebe.

Nem todas as pessoas que têm essas características têm a psicopatologia, mas todas as pessoas com o distúrbio costumam ter esses pontos em comum, ou seja, um item isolado não faz o diagnóstico completo (normalmente mais de cinco em cada patologia). 

Sexy – a sensualidade está longe de ser um problema, principalmente em contexto adequado ela é um afrodisíaco para conquistar alguém para intenções afetivas ou sexuais. Mas se ela é inadequada, invasiva, exagerada, dramática e acompanhada de uma necessidade desesperada de chamar atenção pode ser sinal de Transtorno de Personalidade Histriônico. Esse anseio por admiração e comportamento persistente e manipulativo pode apontar para sérios problemas de relacionamentos e impedir uma vida com estabilidade emocional e construção de histórias consistentes e significativas.

Dedicação pessoal excessiva ou devota – existem pessoas que vivem de maneira quase religiosa seus relacionamentos amorosos, endeusando seus parceiros como se fossem a única razão de viver. Elas costumam ter comportamentos parecidos com time de futebol, partido político ou religião, pois caem de cabeça e demonstram uma fé “inabalável”. Se essa entrega toda vier acompanhada de um sentimento de vazio intenso e oscilações de humor e comportamentos destrutivos, pode estar longe do seu eixo pessoal e ter indícios de um transtorno 

Obstinação – a pessoa que persegue os próprios objetivos pode chegar muito longe. O problema é quando, sem nenhuma perspectiva, ela segue como um trator insistindo teimosamente no resultado ao qual se apegou na imaginação. Pode ter uma personalidade obsessiva e não ser alguém que segue seus sonhos. Mesmo que quisesse desistir não conseguiria, mas não porque é virtuosa e sim por padecer do transtorno de personalidade obsessivo 

Bonzinho – uma pessoa de bom coração sabe exatamente quando deve ou não ajudar a outra e sabe se posicionar sobre sua capacidade de beneficiar ou dar um basta. Já as boazinhas podem ter um comportamento submisso, passivo e dependente da aprovação de outras pessoas. Fazem o bem mais por medo, covardia ou falta de opção do que por virtude. Na verdade não sabem se posicionar e enfrentar as pessoas de frente. Ela pode ser portadora de Transtorno de Personalidade Dependente e nem saber que na verdade se submete por não ter capacidade de seguir suas próprias escolhas.

Organização pessoal – é lindo ver uma casa bem arrumada sem ter que ficar falando para as visitas “não repara na bagunça”. O problema é quando a pessoa é obcecada por deixar tudo limpo e não consegue sentar quieta e relaxar se algo está fora do lugar. Ser limpo e organizado é sinal de saúde, mas ser obcecado por isso pode ser doença. 

Dieta incrível – sabe aquela pessoa que você tem inveja porque faz dieta à risca ou que malha desesperadamente para ter barriga negativa? Pois é, se essa pessoa consegue ter uma filosofia de vida, é natural, tranquilo e opcional, está tudo certo. O problema é se ela faz isso como resultado de uma sensação crescente de ansiedade caso não malhe ou esteja no peso, ou se ela tiver sempre a certeza de estar fora do peso (muito acima) e não consegue perceber que já está muito magra ou musculosa. Nesses casos, pode haver uma suspeita de um Transtorno Dismórfico Corporal, que altera a imagem corporal, faz a pessoa não notar com precisão qual  a forma real e usar métodos cada vez mais drásticos para chegar no ponto “ideal”. 

Meiguice – uma pessoa querida, calada, que aceita tudo e não se opõe a nada pode ser só uma pessoa meiga e querida. Mas se ela nunca consegue se posicionar, enfrentar obstáculos e barrar abusos então talvez tenha algum problema de fobia social que a impede de lidar com acontecimentos da vida cotidiana sem ficar alarmada imaginando uma catástrofe. 

Alegria intensa – ter na turma de amigos alguém que sabe se divertir e tem mil ideais é indispensável. Mas se esse amigo não consegue parar quieto, fala pelos cotovelos, é inconveniente, se acha a pessoa mais incrível do mundo e perde a noção do bom senso, pode ser que esteja num acesso de mania e precise de tratamento.

Autenticidade – tem gente que acha que é uma virtude falar tudo que vem na cabeça. Ledo engano. A incapacidade de filtrar os conteúdos mentais e falar qualquer coisa inconveniente na mesa do jantar pode ser sinal de verborreia, um sintoma que está presente em várias doenças mentais.

Produtividade – é bem verdade que ser uma pessoa produtiva ganha destaque no mundo em que vivemos, mas o problema é se esse desempenho é resultado do excesso de necessidade de se antecipar, fazer tudo com perfeição tendo controle de cada tarefa e “fazendo tudo para ontem”. Um desempenho aparentemente formidável pode ter como pano de fundo a ansiedade.

Perfeccionismo – quando alguém se gaba de que seu único defeito é ser perfeccionista acredite. O perfeccionismo pode tornar uma pessoa ranzinza, chata, metódica, procrastinadora e de presença pesada e cheia de impedimentos. Transtorno de personalidade obsessiva pode estar acometendo essa pessoa que na verdade não consegue caminhar com tranquilidade pela vida e está sempre pressionada ( e pressionando os outros) por um ditador interno. 

Pessoa cheia de opinião – ele pode até ser o líder da turma e tomar a dianteira de todas as conversas, digno de inveja, mas se ele não tiver um tempero de afetuosidade, capacidade de dar espaço para os outros brilharem e terem sua vez pode ser que você esteja na presença de um portador de Transtorno de Personalidade Narcisista. Certamente a presença dessa pessoa pode ser legal por alguns minutos, mas com o tempo você terá vontade de manda-la calar a boca de tanto autoelogio que ouvirá. Muitas pessoas com personalidade passiva costumam se associar aos narcisistas, mas certamente é o tipo de pessoa que acaba falando sozinha e dizendo que os outros “têm inveja dela, por isso se afastam”. 

Diversão no bar – tem sempre um amigo que é o primeiro a chegar no bar e o último a sair e provavelmente aguenta todas as rodadas com todo mundo. Está presente em todas as reuniões e sempre entornando um copo na mão, se gabando de que não é fraquinho para bebida. Pode ser que ele esteja no grau mais alto de alcoolismo, que implica numa tolerância maior ao álcool e uma impossibilidade de se divertir sem o acessório etílico na mão. Se ele só sabe se divertir bebendo e está sempre forjando um encontro social para ter ocasião de beber isso já é uma pista. 

Liderança assertiva e dura – é muito comum grandes chefões de empresas terem comportamento impiedoso, frio, preciso e até cruel. Há quem admire essa filosofia pitbull que esmaga quem se oponha ao seus interesses, mas a realidade é que isso pode ser sinal de Transtorno de Personalidade Antissocial, a antiga psicopatia. 

Justiceira – ter senso de justiça e lutar para que os direitos sejam cumpridos é um dever de todo cidadão, mas o problema é quando isso vira justificativa para acessos de descontrole emocional, raiva e atitudes violentas. A raiva costuma ser resultado de pessoas perfeccionistas que se acham superiores aos outros e imaginam que sempre têm razão. Pode ser que esse comportamento radical beirando o fanatismo mereça atenção especializada. 

Visionárias – existem pessoas que parecem ter a cabeça na lua e viver com ideias extraordinárias que nunca saem do papel, mas que são sentidas como incríveis e à frente de seu tempo. Muitas vezes esse comportamento excêntrico que é visto com certo humor por pessoas queridas pode ser resultado de um quadro mais grave de Transtorno de Personalidade Esquizotípica que leva essas pessoas a se sentirem isoladas e esquisitas frente às demais.

ALERTA: o importante é ver nessas características indícios para buscar mais informações, sem que se faça um autodiagnóstico descuidado. Para isso, procure a ajuda de um especialista em saúde mental. 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESSOAS TÓXICAS - CUIDADO!

Muitos dos problemas de autoestima que afetam milhares de jovens e adultos nada têm a ver com doenças de carater emocional ou psicológico, (embora possam vir a se tornar um problema desse genero), mas a sua genese está nas pessoas tóxicas que permitem que interfiram e permaneçam na sua vida. Estas pessoas têm a capacidade de despertar o pior que há em nós e até de nos fazer acreditar que somos frageis, instáveis, incapazes de tomar decisões sem o seu parecer, incapazes de nos relacionar com o próximo e de sermos independentes. Por norma, as pessoas tóxicas procuram controlar os outros através do abuso emocional. Levam os que lhes são próximos- através das críticas constantes- a crer que algo terrível lhes acontecerá se algum dia se desprenderem deles. Incapazes de fazer um elogio, dão ares de conhecer grandes segredos a respeito das outras pessoas, de saber coisas que mais ninguém sabe, tudo para os certificar que a terra para de girar se eles assim o desejarem. Muitas pessoas ...

Relações de pingue-pongue

Existem pessoas que possuem uma tal incapacidade para resolver a sua vida afetiva, que mantêm relações “penduradas” durante semanas, meses ou anos. As coisas processam-se mais ou menos assim: nenhuma relação é formalmente terminada, em vez disso “dá-se um tempo”, ou surge uma briga que provoca o afastamento. Os dias vão passando e, face ao silêncio, um decide enviar um “pingue” para ver se o outro responde com um “pongue”, e a relação restabelece-se ! Não é uma comunicação normal sem subterfúgios. Não é dito diretamente que tem vontade de rever o outro, porque na realidade não é bem disso que se trata. O que motiva a reaproximação não é propriamente o afeto, mas algo mais sutil do tipo “vamos ver qual é o impacto que ainda tenho em você”. Aproxima-se mais da tentativa de testar qual o poder que ainda pode exercer sobre o(a) ex-amante, se ele(a) ainda pensa nele(a), se está disponível para que tudo volte ao mesmo. As estratégias são do mais variado que há. Ligar para saber uma informaç...

CODEPENDÊNCIA E RELACIONAMENTO PATOLÓGICO

  Codependência é caracterizada quando um parceiro se doa em excesso ao outro em uma relação disfuncional e desequilibrada.  Namoro / Casamento abusivo: quando o amor dá lugar à obsessão e violência Considerado patológico, esse tipo de relacionamento pode mascarar problemas psicológicos ou emocionais originados na infância ou adolescência.  Dentre as principais características do codependente está o hábito de atuar como cuidador ou salvador do outro, aceitar justificativas falsas, mentiras, enganos, negligência e até a violação de acordos para manter o relacionamento. Apesar de o senso comum remeter a codependência ao namoro ou casamento, ele pode acontecer em diversos tipos de relacionamento: entre pais e filhos, irmãos, familiares, amigos e até entre chefes e funcionários. As pessoas carentes, que se sacrificam pelos outros, que têm dificuldade de ficar só, que sofrem com problemas sexuais, que são ansiosas ou costumam engolir os próprios sentimentos e emoções s...