M.--Sou separada ha algum tempo, tenho três filhos de 25, 23 e 14 anos.Tenho 44 anos e namoro há 2 anos e meio um homem de 52.Viúvo da primeira esposa com a qual teve 2 filhos, hoje com 26 e 24 anos; e pai de uma garotinha de 7 anos de uma relação posterior.ele acabou me contando, que a mãe da sua filha mais nova, vem a ser sua sobrinha (filha de sua meio-irmã por parte de pai).Fiquei muito desapontada com a revelação, disse algumas coisas desagradáveis a ele e terminei o namoro, mas acabei voltando, só que nunca mais me livrei da ojeriza que senti. Inclusive, a maneira com a qual eu me relacionava com a menina mudou.
Estou me consumindo nesse conflito, dividida entre gostar da pessoa, mas não compreender e não aceitar a conduta.
Não sou uma pessoa rígida, só que está sendo muito difícil encarar essa situação. Será que estou sendo radical? Penso que ele deveria ter respeitado a família, para mim essa relação com o parentesco é no mínimo estranha.
Claro que ela não era nenhuma garotinha ingênua, já tinha seus 30 anos e ele 40.Estou perdida, não sei que decisão tomar. Se continuar, não sei se me livro das sensações ruins. Se terminar, tenho medo de me arrepender por ele ser um cara legal. Me dê uma luz!
Resposta:
Cara M., vamos falar de princípios e valores. Os princípios regem a nossa existência e são comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou não. São inegociáveis.
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, transmitidos pela familia através das gerações, pela religião, pela sociedade e também construidos subjetivamente . E, acima de tudo, são contestáveis. Isto quer dizer que o que vale para você não vale necessariamente para o outro. O que você considera certo, pode não ser para o outro. O que eu quero dizer é que o que você abomina pode ser tolerável para outros. Não digo que você não tem o direito de considerar abominável, não digo que sua estranheza ( ou repulsa) não seja legítima. Afinal, são seus valores e possuem um peso que vem de gerações de crenças e ensinamentos.
Tanto os principios como os valores são reguladores da conduta e devem estar alinhados num casal que pretende compartilhar o futuro, pois são os alicerces para a construção da confiança recíproca e de uma vida em comum. Pode ser arriscado você apostar numa relação com esta diferença fundamental. A não ser que esteja disposta a repensar seus valores sem se auto-violar, o que não parece estar sendo fácil. E não é fácil para ninguém, apesar de possível. Abraço
Aglair Grein- Psicanalista
Há diferenças (de valores), negociáveis e inegociáveis!
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