S. A.-Olá tudo bem? Vi que você tem um blog onde responde dúvidas dos leitores.Será que pode me ajudar? Eu faço análise há um ano e meio e meu psicanalista é excelente.Melhorei muito depois que comecei o tratamento.Acontece que de uns 6 meses para cá, comecei a me envolver demais com ele.Não sabendo mais o que fazer, decidi dar um tempo na análise.Vou me afastar dele por alguns meses para tentar me desapegar.O problema é que justamente agora algumas coisas estão acontecendo na minha vida.E eu precisava da análise.Estou muito confusa.O que você sugere?
Resposta :
E tem como evitar o envolvimento em qualquer relação interpessoal muito próxima ? Por que isso te incomoda tanto ? Toda psicoterapia, incluindo a psicanálise, implica em envolvimento emocional, assim como outras relações. Nem tem como ser diferente, pois é um vínculo de confiança e intimidade entre duas pessoas por um tempo relativamente longo. Preocupante seria se houvesse uma posição de indiferença.
O fato disso te incomodar, ao ponto de se tornar insuportável, indica uma questão importante a ser resolvida... na análise, com seu analista. Seja honesta, fale sobre o que está sentindo, porque a análise, como toda psicoterapia, é um trabalho cuja ferramenta essencial é a palavra. Se não for assim, estará desperdiçando - e fazendo com que seu analista desperdice- uma grande oportunidade de colocar em questão suas dificuldades em lidar ( dentro e fora da análise) com os vínculos afetivos e com a intimidade.
Afaste o medo de ser feliz, já que você afirma ter melhorado muito com a análise .Sugiro sua volta o mais rápido possível. Abraço
Na chuva sem se molhar? É uma questão maravilhosa para o tema "O envolvimento em qualquer relação interpessoal muito próxima".
ResponderExcluirTodos estamos sujeitos a esse tipo de situação, porém acredito que o envolvimento "até certo ponto" é inevitável, uma vez que as consequências desse envolvimento podem ser evitadas por aquele que desejar evitar.
Cada um de nós possui um termômetro próprio que até certo ponto somente nós podemos verificar em que grau está a temperatura.
Mesmo em situações que nos pegam de surpresa são nossas decisões que farão brecar a temperatura.
A questão então não é se estamos sujeitos a molhar-se, mas sim se estamos preparados para lidar com essas situações.
Não estou dizendo que é fácil e que depende unicamente da pessoa, vez que suas decisões estão inseridas em um contexto muito amplo da realidade de cada um. "Unicamente da pessoa"! Ops, que contradição. Não, não é contradição.
O ser humano está sujeito a inúmeras situações distintas, exemplificando:
- Um homem ou mulher que possui uma vida tranquila, sem turbulências significativas capazes de conturbar
sua vida que até então digamos... tranquila. Acredito que este estará menos suscetível a tomada de decisões complicativas em relação a um envolvimento interpessoal que a princípio não quis ter; Enquanto que um outro possui uma vida de características contrárias a do primeiro caso, ou seja, uma rotina turbulenta no lar, situação financeira além da preocupante, desesperança por descrédito no companheiro, e por ai vai. Mesmo que inicialmente não queira, neste segundo caso, ao perceber-se envolvido em uma relação interpessoal, sua tomada de decisões estará mais suscetível a mudança de sua opinião inicial de não querer.
E vou mais além!
Mesmo que inicialmente não queira, que possua uma vida sem turbulências e por ai vai, qual é o problema em mudar a opinião inicial de não querer envolver-se?
Assim, reafirmo meu pensamento, que pode não ser o correto, ou seja, creio que envidar esforços para compreender as situações que nos envolvem, os "comos e os porquês" é a melhor ferramenta para nossas decisões e escolhas.
Carlos Agostini