A.C- Tenho 41 anos, 2 filhas, e tenho um medo terrível da morte, e isso acaba me atrapalhando de Viver. Sou uma pessoa (me considero) esclarecida, leio sobre muitos artigos, mas esse medo me paralisa, fico imaginando como vai ser quando eu receber a noticia de que meu pai ou mãe ou marido, filhas morrer. Fico pensando em como vai ser para minha família se eles receberem a noticia que eu morri ... Esses pensamentos me atormentam, em cada aniversário que comemoro meu e dos meus. Já tomei Sertralina e aprendi um pouco a entender os sintomas da ansiedade, eu sei o que é certo mais não sei praticar isso .Por exemplo um dia uma amiga me contou que seu irmão antes de morrer pediu um copo de água, até hoje não consigo pedir que me deem um copo de água antes de dormir...Não sei o que fazer, ou melhor sei que da morte não escaparemos, mas sofro em pensar como e quando ela chegará. Tenho lutado muito contra meus pensamentos, mas as vezes se torna doloroso e difícil. Deixo de fazer muitas coisas virando assim escrava desse medo. Podes me ajudar ?
Resposta:
Você não está sozinha com seu medo, minha cara. Raros são os que falam com (aparente) tranquilidade sobre a morte. Este medo não é inato, mas comum a todos os mortais. Pensar na morte nunca é fácil, mesmo que seja parte de um processo natural, como é o nascimento.
No entanto, seus pensamentos recorrentes e limitadores não são saudáveis e necessitam de atenção. Existem algumas hipóteses que poderíamos levantar que pudessem justificar seu sofrimento, mas nada que coubesse em uma resposta rápida, sem uma análise da sua história de vida e das características da sua personalidade.
O pensamento oriental nos ensina que a morte é mais temida por aqueles que têm uma vida mal vivida - ou não vivida. Diz que quem vive intensamente não teme a morte. Como você está vivendo a sua vida ? Lembre-se que quem teme sofrer já sofre o que teme.
Os remédios ajudam, mas não resolvem. Anestesiam os sentimentos e podem dar conforto temporário, mas a angústia pode voltar à tona se não for resolvida. Você deveria investigar com mais seriedade as raízes desta fixação com o inevitável, com a única garantia de todos os seres vivos. Deveria expressar mais seu medo, de preferência com um psicoterapeuta, até para descartar a hipótese de uma depressão ou outro distúrbio. Além do mais, refletir e elaborar as questões relativas à morte pode transformar sua vida. É bem possível que levando seus fantasmas para tomar sol, eles desapareçam.
Como disse Gilberto Gil:
" Não tenho medo da morte, mas sim medo de morrer.
Qual seria a diferença?- você há de perguntar...
É que a morte já é depois que eu parar de respirar
E morrer ainda é aqui na vida, no sol, no ar...
Abraço,
Aglair Grein- psicanalista
Oi Aglair! Eu tinha muito medo da morte. Convivi anos com síndrome do pânico. Fiz muita terapia. Até hj tenho altos e baixos e tomo antidepressivo.
ResponderExcluirEu me identifiquei com os medos da A.C.
Com o tempo percebi que tudo que fugia do meu controle eu temia. Morria de medo de desmaiar, por exemplo. E saber notícias trágicas relacionadas com doença ou morte me apavorava, parecia que eu teria a mesma coisa, mesmo sabendo racionalmente que era neura da minha cabeça. O Yoga ajudou muito no meu equilíbrio emocional. Sempre vivi muito intensamente, e por gostar tanto de viver tinha pavor de morrer.
Hoje esse temor melhorou bastante.
Acho fundamental algum tipo de terapia que leve ao autoconhecimento. Espiritualidade e fé também são importantes.
Não sou psicóloga, falo como paciente. O pânico me acompanha há mais de 20 anos.