M.- Me afastei de algumas pessoas que me incomodavam. Minha mãe, uma pessoa autoritária e agressiva...Cansei de lidar com isso e de tentar entender, e me afastei.
Em relação a outras duas pessoas que também me afastei, sinto que elas tinham uma “obsessão” por mim, uma preocupação exagerada que me incomodava.Sempre fui uma pessoa independente...Me casei, tive dois filhos, me separei e não casei de novo.
Um dia escutei de um homem que eu “assustava” os homens por ter uma personalidade forte, ser independente... e isso, afastava-os de mim.Durante algum tempo tentei mudar isso... ser mais “meiga”... Sei que sou carinhosa, além de ter consciência disto, já escutei também.
Sou muito “eu mesma”, ou seja, não sou e não me sinto apegada a ninguém além dos meus filhos.Isso faz com que eu pareça indiferente, egoísta ou desinteressada e sei que isso incomoda as pessoas.
Não me importo com o que as pessoas pensem ou falem de mim, não é isso que me incomoda.
O que me incomoda é o fato de “achar” que deveria lidar com essas situações ao invés de me afastar. Desejo alcançar um estágio que absolutamente nada, faça eu me sentir mal.
Resposta:
Você me diz que não se incomoda com o que as pessoas pensam ou dizem, mas repete várias vezes no seu e-mail o que as pessoas pensam e dizem a seu respeito, como referências de quem/como você é.
O discurso, portanto, não confirma a sua auto-imagem de aceitação e independência. O que lhe faz mal e você me pede para ajudá-la a extirpar, talvez não seja o Ego, mas o conflito que lhe traz desconforto: ser quem é ou o que os outros esperam que seja ? Ajustar-se a si ou ao mundo ?
Por que tanta preocupação em se enquadrar aos padrões, em ser meiga, frágil e 'apegada'? O que importa é estar bem consigo mesma, aceitar-se como é. Estabelecer relações que a gente escolhe e controla - quando não ama- além de aceitável, é saudável. Mesmo que sejam relações parentais, que não são, como estamos acostumados a pensar, garantias de amor.
A educação que recebemos não nos ensina a ser desapegados e livres. Porque ela tende a privilegiar o apego que, apesar do que muita gente supõe, não é sinônimo de amor. Antes de nos ajustarmos ao mundo, é preciso que nos conheçamos, que nos aceitemos e então nos ajustemos a nós mesmos.
É claro que uma terapia é indicada para que de fato você alcance a auto-aceitação ou a mudança. E, de quebra, a paz, a liberdade e a verdadeira independência. Ouse. Abraço
Aglair Grein-psicanalista
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