Pular para o conteúdo principal

Medo de ficar sozinha


A.L.-Tenho 49 anos, separada há 10, uma filha casada, e vivo uma relação enrolada há quase 4 anos com um homem de 58. Decidimos viver de modo mais livre, sem compromissos nem cobranças, e no começo foi bom. Ando muito incomodada porque ele não contribui com nada, nada, nem na parte financeira. Nos dias que ele vem ficar na minha casa,( algumas vezes na semana e finais de semana) se instala como um rei e eu faço tudo, desde compras até cozinhar, limpar e cuidar da roupa dele. Ele tem 2 filhos adultos que não conheço e volta e meia passa fim de semana com eles e nunca me convidou. Faz segredo da vida deles, se esconde para falar no telefone, quando ligam. Ele fuma e me irrita demais com fumaça e sujeira pela casa toda, apesar de que já pedi e briguei muito pra ele fumar na sacada. Gosto dele, mas faz um tempo que penso em acabar, mas descobri que o que me segura é o medo de ficar sozinha e me arrepender.


 Resposta:
O seu e-mail me fez pensar no quão pouco exigentes podemos ser quando temos medo da própria companhia, no quão tolerantes podemos ser para escapar de tomar conta de nós mesmos. Você escolhe se submeter a uma situação de subserviência, de infelicidade, para evitar olhar para si mesma, desamarrar os próprios nós e ficar livre. Livre, especialmente, para ser capaz de escolher uma companhia agradável, alguém que traga satisfação,  segurança, bem estar, e alguma reciprocidade. E momentos felizes, claro.

O que há para fazer é um balanço do que traz de bom ( se é que traz) e de desconfortável essa relação "aberta". Coloquei entre aspas, porque me parece que é aberta somente para ele, que preserva sua individualidade e seu espaço - dentro do teu espaço também . Ele entrou na tua vida, ocupou os cômodos da casa, ignorando as tuas necessidades, os teus limites, a tua presença, enfim.
É claro que ele ocupou todo esse espaço porque você permitiu. 50% da responsabilidade, portanto, é tua.

 Não tenha medo de perdê-lo ou de ficar sozinha. Pior é perder-se.  O medo deve servir de dínamo, de motor para enfrentar os desafios, as mudanças. É mais do que hora de procurar uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem se perder antes.  Se puder, seria ótimo procurar suporte terapêutico para aprender a ficar sozinha sem medo e não repetir esta história com outro parceiro . Lembre-se: nós aceitamos o amor que acreditamos merecer. Abraço
Aglair Grein- Psicanalista

Comentários

  1. Incrível tua resposta, é exatamente isso que eu penso sobre minha presença, sobre minha companhia e sobre a companhia de quem me dê liberdade de escolhas e prazer. Tenho várias amigas que passam por esse problema: o medo da solidão. Além de não ser capaz de ajudá-las, também não me acho capaz de entendê-las, razão pela qual já passei seu endereço eletrônico para elas. Digo: sou apenas ouvinte, gurias. Vocês precisam de ajuda profissional. Enfim... Amo ler suas dicas e acho que seria bem mais fácil se todos, ou todas, se permitissem serem ajudados. Obrigada. Um abração. Ruleni

    ResponderExcluir
  2. Também tenho medo de ficar sozinha, mas fico desanimada muito rapido, acho que vc tem terminar essa relação e partir pra outra, veja por esse lado, vc esta sozinha ele e apenas coisas da sua imaginação, procure pessoas melhores e se mesmo assim não encontrar ninguém que cuide de vc como vc merece, aprenda que vc nunca vai estar sozinha mas muito bem acompanhada com sua dignidade.

    ResponderExcluir
  3. Tenho medo da solidão, não gosto de ser sozinha, mas antes só do que mal acompanhada...melhor ser lívre pra escolher uma companhía agradável, alguém que nos faça felíz, do que se submeter a uma situação como essa...'Sang Suga'...aff, concordo com vc Dra, devemos aceitar o amor que acreditamos merecer...agente tem que ter amor próprio em 1º lugar, as pessoas só fazem com agente, aquilo que permitimos que faça.

    ResponderExcluir
  4. Estou sozinha a sete anos. Aprendo a cada dia,com as experiências das minhas amigas.E faço minhas escolhas, prefiro ficar só do que perder a minha dignidade,minha liberdade e a oportunidade de conhecer alguém legal.
    Aprendi também a ficar só comigo mesma e a me conhecer melhor. A me valorizar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Demais!!! Gostei muito do seu cometário. Penso exatamente como vc! abraço.

      Excluir
    2. Também tengo medo de ficar sozinha.

      Excluir
  5. acabei de me separar...ele mentia, me traia, e por ele ter sido muito companheiro nas minhas tristes afliçoes um dia...eu nao consigo me deesprender me dele...nao sei moque faço... tenho medo de ficar so, de ir a luta.. de precisar denovo de um ombro como o dele e nao encontrar ninguem...luto p nao cair em depressao...mas sei q estou nela... oque faço por favor me ajude..

    ResponderExcluir
  6. estou sozinha, nao por opçao, mas porque sou viuva. já me acostumei a ficar sozinha, fico otima, faço o que quero quando quero, nem que seja ver um filme quando acordo às 3 hs da madrugada. a pior soldidao ;e a solidao a dois, lembre-se disso, e é o que senti no su depoimento! nao vale a pena, acredite!

    ResponderExcluir
  7. Nossa Senhora do Céu aonde chegam "as relações amorosas"... ??? Para mim isso é inaceitável! Isso é escravidão, baixíssima auto-estima, insegurança, medo da solidão, mendicância afetiva.etc. menos amor ou uma relação afetiva recíplica, respeitosa e comprometida. Nem pensar. :P

    ResponderExcluir
  8. Existe uma gritante diferença entre os verbos SER e ESTAR. "Ser" é uma condição imutável, enquanto "Estar" é transitório, temporário. Quem É sozinho(a) pode encontrar quantos(as) parceiros(as) quiser na vida, mas vai continuar sentindo o vazio da solidão. Porque vai esperar que a outra pessoa supra algo que não pode vir de fora.
    Já o ESTAR só, além de temporário, é absolutamente essencial para o atuo-conhecimento, a auto-valorização e a definição do que é ou não importante para si. Como saber o que se deseja construir com o outro, se não sabemos o que queremos e podemos construir sozinhos?
    Medo da solidão, para mim, é medo de se responsabilizar pela própria vida e felicidade. É arrumar uma desculpa para a inércia. "Ah, eu não tenho ninguém para me ajudar (em todos os sentidos)"."Ah, eu não agrado ninguém". "Ah, eu não tenho ninguém para me incentivar". Chega a ser comodismo, pois assim pode sempre culpar o outro que não existe, o destino, o azar. Para!
    Ajude-se! Agrade-se! Incentive-se! Mexa-se!
    De que adianta permanecer numa pseudo-relação que não lhe empurra para frente, que não lhe valoriza, que não lhe é porto seguro? Tem certeza que não está sozinha? A mim, parece estar. e o mais triste é que se ilude achando que não.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESSOAS TÓXICAS - CUIDADO!

Muitos dos problemas de autoestima que afetam milhares de jovens e adultos nada têm a ver com doenças de carater emocional ou psicológico, (embora possam vir a se tornar um problema desse genero), mas a sua genese está nas pessoas tóxicas que permitem que interfiram e permaneçam na sua vida. Estas pessoas têm a capacidade de despertar o pior que há em nós e até de nos fazer acreditar que somos frageis, instáveis, incapazes de tomar decisões sem o seu parecer, incapazes de nos relacionar com o próximo e de sermos independentes. Por norma, as pessoas tóxicas procuram controlar os outros através do abuso emocional. Levam os que lhes são próximos- através das críticas constantes- a crer que algo terrível lhes acontecerá se algum dia se desprenderem deles. Incapazes de fazer um elogio, dão ares de conhecer grandes segredos a respeito das outras pessoas, de saber coisas que mais ninguém sabe, tudo para os certificar que a terra para de girar se eles assim o desejarem. Muitas pessoas ...

Relações de pingue-pongue

Existem pessoas que possuem uma tal incapacidade para resolver a sua vida afetiva, que mantêm relações “penduradas” durante semanas, meses ou anos. As coisas processam-se mais ou menos assim: nenhuma relação é formalmente terminada, em vez disso “dá-se um tempo”, ou surge uma briga que provoca o afastamento. Os dias vão passando e, face ao silêncio, um decide enviar um “pingue” para ver se o outro responde com um “pongue”, e a relação restabelece-se ! Não é uma comunicação normal sem subterfúgios. Não é dito diretamente que tem vontade de rever o outro, porque na realidade não é bem disso que se trata. O que motiva a reaproximação não é propriamente o afeto, mas algo mais sutil do tipo “vamos ver qual é o impacto que ainda tenho em você”. Aproxima-se mais da tentativa de testar qual o poder que ainda pode exercer sobre o(a) ex-amante, se ele(a) ainda pensa nele(a), se está disponível para que tudo volte ao mesmo. As estratégias são do mais variado que há. Ligar para saber uma informaç...

CODEPENDÊNCIA E RELACIONAMENTO PATOLÓGICO

  Codependência é caracterizada quando um parceiro se doa em excesso ao outro em uma relação disfuncional e desequilibrada.  Namoro / Casamento abusivo: quando o amor dá lugar à obsessão e violência Considerado patológico, esse tipo de relacionamento pode mascarar problemas psicológicos ou emocionais originados na infância ou adolescência.  Dentre as principais características do codependente está o hábito de atuar como cuidador ou salvador do outro, aceitar justificativas falsas, mentiras, enganos, negligência e até a violação de acordos para manter o relacionamento. Apesar de o senso comum remeter a codependência ao namoro ou casamento, ele pode acontecer em diversos tipos de relacionamento: entre pais e filhos, irmãos, familiares, amigos e até entre chefes e funcionários. As pessoas carentes, que se sacrificam pelos outros, que têm dificuldade de ficar só, que sofrem com problemas sexuais, que são ansiosas ou costumam engolir os próprios sentimentos e emoções s...