Tenho acompanhado pessoas enfrentarem um câncer, e mesmo depois de todo sofrimento, marcadas fisicamente, voltarem a viver com mais garra que antes, cheias de alegria, de entusiasmo e gratidão pela vida.
Tenho acompanhado casais resgatando a paz e as delicias do amor reciproco, mesmo depois de enfrentar uma crise onde sofreram a devastação de um vicio ou de uma traição.
Tenho acompanhado pessoas de todas as faixas etárias renascerem mais fortes que nunca, mesmo tendo suportado todas as angustias e terrores imagináveis de um passado de atrocidades, de abusos, abandonos, maus tratos e violência de toda ordem por parte de pais, companheiros ou eventos traumáticos.
E nessa minha vivência profissional, onde se mistura técnica com amor, cada vez mais aprecio o conceito de RESILIÊNCIA : a capacidade de ASSIMILAR e superar adversidades.
Um amigo meu presenteou-me com uma metáfora sobre o boxe, um esporte duro e violento que nos lega de forma muito especial o conceito de assimilação:
Um boxeador toma um direto de direita e assimila bem ou mal, o choque sofrido. Assimilar é tornar-se semelhante a. Como se o golpe passasse a ser uma parte da própria pessoa, modificando-a externa e internamente. O boxeador sofre, baqueia, devolve a energia potencial em forma de persistência (permanecer em pé), ou em forma de contragolpes defensivos, mas acima de tudo aprende enquanto assimila.
Aprende que a guarda deveria estar mais alta, que a esquiva deveria ocorrer um décimo de segundo antes. Aprende com a dor e aprende sozinho. Resiliência é isso.
Aglair Grein-psicanalista
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